domingo, 18 de abril de 2010

OS RUMOS DA PRÓXIMA ELEIÇÃO

          A campanha eleitoral ainda não começou oficialmente, mas já se mostra acirrada. Por um lado, candidatos que se preparam para apostar todas as fichas em uma empreitada que promete grandes emoções e, principalmente, muito discurso; por outro lado, uma população de mais de cem milhões de eleitores esperançosos, mais preparados e críticos que antes e, sobretudo, preocupados com o país. Essa preocupação não é fruto do acaso, mas da experiência, da memória dos eleitores que até o presente momento não viram as grandes promessas políticas tornarem-se realidade em nosso país.
          Parece que é cedo para formar qualquer tipo de juízo sobre o processo eleitoral que se avizinha, mas é oportuno dizer que, a julgar pelas marcas da experiência, já temos uma ideia do que a próxima campanha eleitoral pode oferecer à sociedade. Nota-se neste momento, como nunca antes, certa ansiedade da sociedade pelo início da campanha. As pessoas têm boas perspectivas sobre o processo eleitoral deste ano. E isso pode se justificar pelo fato de que os eleitores de hoje têm mais consciência de que o momento eleitoral pode ser o início de um processo de mudanças significativas nos diversos âmbitos da sociedade.
          Os candidatos a representantes da sociedade terão nestas eleições pelo menos duas grandes responsabilidades. A primeira delas, como sucede sempre, é a disputa entre eles que deve ser diferente, haja vista o peso da história pessoal que acompanha a cada um deles. Foi-se o tempo em que se ganhava eleição a base de tentativas de diminuição da credibilidade do adversário. Agora cada candidato tem o seu próprio histórico público e está, de certa forma, exposto à possibilidade de que tudo seja revelado, para bem ou para mal, dependendo da ênfase que lhe for atribuída.
          A segunda grande responsabilidade que terão será com o eleitorado. O eleitor brasileiro hoje é mais consciente de seu papel na sociedade e sabe que a eleição constitui um momento sem igual no processo de construção do país. A experiência vivida e sentida obrigou o eleitor a ser mais crítico reflexivo na hora de exercer sua cidadania. A esta altura do campeonato não é qualquer discurso que atrai; não é qualquer proposta com nome de grande projeto que convence.
          A retórica dos candidatos -que sempre funcionou como arma letal- tem que estar mais afiada do que nunca; tem que estar carregada de sinais perceptíveis de que há possibilidades de o dito converter-se em feito. Isso só aumenta a responsabilidade dos candidatos e nos faz acreditar que a disputa será equilibrada, porque não bastará o discurso da desqualificação do outro; será necessário imbuir de confiabilidade o próprio discurso antes de tentar diminuir a credibilidade do discurso alheio.
          Esse é o tom da próxima campanha que se espera para este ano. Por um lado, os candidatos preocupados em apresentar propostas viáveis para o desenvolvimento do país e da sociedade em seus diversos âmbitos; por outro lado, o eleitorado mais reflexivo e consciente de que a eleição pode ser uma possibilidade única de dar um passo de qualidade na escolha de representantes cujas ações repercutirão, positiva o negativamente, sobre a sociedade como um todo. A qualidade da representação depende da qualidade da escolha que fizermos. E a escolha se faz antes. Pensemos bem, por tanto.
Valdson Amorim

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